Concluí a Faculdade, e Agora? O Que Fazer Quando o Diploma Demora a Chegar

Concluir um curso superior é um dos momentos mais aguardados na vida de um estudante. Foram anos de dedicação, investimento financeiro e noites de estudo que culminam na cerimônia de colação de grau. No entanto, para muitos, a euforia dá lugar à frustração quando um documento essencial para o futuro profissional não chega: o diploma. A demora injustificada na expedição do diploma é um problema mais comum do que se imagina e pode gerar inúmeros prejuízos. Este artigo tem o objetivo de informar, de maneira clara e objetiva, quais são os seus direitos e os caminhos legais disponíveis para solucionar essa questão, em conformidade com as diretrizes éticas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

O Diploma é um Direito, Não um Favor

É fundamental compreender que, uma vez cumpridas todas as obrigações acadêmicas e financeiras com a instituição de ensino, a expedição do diploma não é um favor, mas um direito do aluno. Trata-se do ato que oficializa a conclusão do curso e habilita o graduado ao exercício de sua profissão. Sem ele, o profissional fica impedido de se inscrever em seu conselho de classe (como CREA, CRM, OAB, etc.), de tomar posse em cargos públicos, de ingressar em programas de pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado) e de comprovar sua qualificação em processos seletivos no mercado de trabalho.
A ausência do diploma cria uma barreira que congela a vida profissional e acadêmica do recém-formado, gerando um sentimento de impotência e grande ansiedade.

A Lei Estabelece Prazos Claros

Para coibir a morosidade das instituições de ensino, o Ministério da Educação (MEC) estabeleceu prazos específicos para a expedição e o registro dos diplomas. A Portaria Normativa nº 1.095, de 25 de outubro de 2018, é a principal referência sobre o assunto. Ela determina que as instituições de ensino superior (IES) têm a obrigação de seguir os seguintes prazos:
Etapa
Prazo Máximo
Expedição do Diploma
60 dias, contados da data de colação de grau.
Registro do Diploma
60 dias, contados da data de expedição do diploma.
Isso significa que, em um cenário ideal, o aluno deve ter seu diploma devidamente expedido e registrado em um prazo total de até 120 dias após a colação de grau. Qualquer atraso que ultrapasse esse período, sem uma justificativa plausível e comprovada, já pode ser considerado uma falha na prestação do serviço educacional.

As Desculpas Mais Comuns e a Proteção do Consumidor

Frequentemente, as instituições de ensino apresentam justificativas genéricas para a demora, como “complexidade dos procedimentos internos”, “alta demanda” ou a necessidade de verificar pendências. Contudo, é importante destacar que a relação entre o aluno e a faculdade privada é uma relação de consumo, amparada pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC). Isso significa que o serviço educacional contratado deve ser prestado de forma adequada, eficiente e dentro dos prazos legais.
Desorganização administrativa, burocracia interna ou mesmo a alegação de pendências financeiras já quitadas não são, em regra, justificativas válidas para um atraso excessivo. A instituição tem o dever de manter uma estrutura organizada que lhe permita cumprir suas obrigações contratuais e regulatórias.

As Consequências Jurídicas da Demora

Quando a espera pelo diploma se prolonga indefinidamente, o aluno não precisa ficar de braços cruzados. A demora injustificada configura um ato ilícito que pode gerar o dever de indenizar. Além da obrigação de entregar o documento, a instituição pode ser responsabilizada pelos danos causados.
Dano Moral: A frustração, a angústia e a sensação de ter um projeto de vida interrompido pela inércia da instituição ultrapassam o mero aborrecimento. A impossibilidade de trabalhar, de estudar ou de assumir um cargo público gera um dano moral que deve ser reparado.
Dano Existencial e o Desvio Produtivo: A Justiça tem reconhecido também o chamado dano existencial, aplicando a Teoria do Desvio Produtivo do Consumidor. Essa teoria defende que o tempo de vida do consumidor é um bem precioso. Quando o aluno é forçado a desperdiçar horas e dias em telefonemas, e-mails e idas à faculdade para resolver um problema que não criou, ele está tendo seu tempo produtivo desviado. Esse tempo perdido, que poderia ser usado para buscar um emprego ou para o lazer, também é passível de indenização.

O Que Fazer?

Se você está enfrentando essa situação, o primeiro passo é tentar resolver a questão administrativamente, documentando todas as tentativas de contato. Guarde e-mails, números de protocolo e anote datas e nomes de atendentes. Caso a via administrativa não surta efeito, é recomendável buscar orientação jurídica especializada.
Um advogado especialista em Direito Educacional poderá analisar o seu caso, notificar extrajudicialmente a instituição e, se necessário, ingressar com uma ação judicial. Por meio da Justiça, é possível solicitar uma liminar para que a instituição seja obrigada a expedir o diploma imediatamente, sob pena de multa diária, além de pleitear a devida reparação pelos danos morais e materiais sofridos.
Não permita que a negligência de uma instituição de ensino adie seus sonhos e projetos. Conhecer seus direitos é o primeiro passo para garantir que eles sejam respeitados.
Este artigo possui caráter exclusivamente informativo, conforme o previsto no Código de Ética e Disciplina da OAB, e não tem o objetivo de captar clientes ou promover mercantilização da advocacia. Para uma análise específica do seu caso, nossa equipe no está à disposição para oferecer a orientação necessária.